Equipamento está pronto para receber pacientes. Investimento de R$ 14,9 milhões inclui montagem, equipamentos que serão patrimoniados pelo Município e custeio de salários de mais de 260 profissionais

A Prefeitura de Guarujá finalizou a montagem e equipagem do Hospital de Campanha que funcionará no hangar da Base Aérea, no Distrito de Vicente de Carvalho. A partir deste sábado (9), serão 70 leitos, sendo 50 clínicos e 20 de UTI, à disposição de pacientes em tratamento da Covid-19. Com uma proposta de otimização de recursos e administrativa, o equipamento de Guarujá custará R$ 14,9 milhões por 90 dias de funcionamento, incluindo montagem, aquisição de máquinas, equipamentos, manutenção e os salários de mais de 260 funcionários, incluindo médicos e enfermeiros.

O hospital de campanha receberá os primeiros pacientes de acordo com o fluxo de ocupação das vagas disponíveis para tratamento do novo coronavírus na Cidade. Ao todo, são 192 leitos municipais para esse fim, incluindo, ainda, o Hospital Santo Amaro, as UPAs da Rodoviária, Enseada e Vicente de Carvalho, além do Ambulatório Referência de Especialidades (ARE) da Vila Júlia, que foi adaptado, e os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) 3 e de AD, voltados ao atendimento de pessoas em situação de rua com sintomas da doença.

O complexo, composto por duas tendas, soma três mil metros quadrados. Os R$ 14,9 milhões investidos vão custear, inclusive, os disputados respiradores.

Tudo o que for adquirido de maquinário para uso nesses três meses será posteriormente incorporado ao patrimônio municipal e distribuído nas unidades de saúde. A gestão do complexo será da Organização Social Aceni.

Dos R$ 14,9 milhões empenhados, R$ 3,2 milhões são do tesouro municipal, mais R$ 3,2 milhões enviados pelo Governo do Estado e a maior parte, R$ 8,5 milhões, são fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a Prefeitura de Guarujá e o Ministério Público (MP) de São Paulo, que permitiu, com a devida autorização do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema), a transferência de recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente para o Fundo Municipal de Saúde.

O chefe do executivo esteve no hospital de campanha na tarde de sexta-feira (8), onde fez a última vistoria antes da entrega e recebeu os profissionais que vão atuar no local, que passaram por treinamento prévio nos últimos dias. “Tanto funcionários quanto pacientes terão à disposição uma estrutura de primeiro mundo, que vai colaborar muito com a contenção da pandemia na Cidade”, definiu.

Sistema inovador de climatização vai filtrar ar ambiente

Não é só na forma de custeio que o hospital de campanha de Guarujá é inovador. É o único no Brasil a funcionar numa base militar e, ainda, tem um sistema de climatização eficiente e seguro, que assegurará a troca constante de oxigênio. Esse foi um dos principais desafios do projeto da Secretaria de Saúde de Guarujá (Sesau), em parceria com a Aceni.

A climatização abrangerá toda a estrutura interna do hangar, de quase quatro mil metros quadrados. Dois equipamentos essenciais, localizados nas duas extremidades da estrutura, compõem essa estrutura. De um lado, um responsável por captar ar limpo da natureza e refrigerá-lo. Do outro, um exaustor com filtragem, que será responsável por expelir o oxigênio potencialmente contaminado, tratá-lo e devolvê-lo à atmosfera.

O fluxo garantirá que o interior das tendas esteja sempre climatizado, mas assegurará a troca constante de oxigênio, diferentemente de um sistema de refrigeração comum, no qual o ar permanece suspenso no ambiente por um bom tempo.

O complexo terá, também, uma cozinha industrial; três farmácias (uma central e as outras duas distribuídas em cada seção); cabines de desinfecção por névoa de ozônio para profissionais em duas etapas, sendo a primeira ainda paramentado com seus equipamentos de proteção individual, e a segunda já no processo de retirada deles; vestiários com armários individuais; e refeitório para mais de 200 pessoas.

“Como a atividade-fim das tendas é de isolamento para tratamento de uma doença infectocontagiosa bastante grave, há a certeza que no interior delas o ar que circula é contaminado. Por isso, a metodologia de climatização é peça chave para evitar a propagação do vírus”, explica o engenheiro em segurança de trabalho da Sesau, Joaquim Gomes Heleno Júnior.